sexta-feira, 7 de maio de 2010

ANO EUROPEU DO COMBATE À POBREZA E À EXCLUSÃO SOCIAL




Pobreza na UE mais sentida pelos cidadãos

No ano passado, no Jornal de Notícias, a jornalista Eduarda Ferreira punha o dedo na ferida num belo artigo, chamando a atenção para o lado mais "distraído" da União Europeia, no que diz respeito à pobreza e exclusão social numa Europa que se quer solidária, atenta e defensora dos mais elementares Direitos do Homem. Vejamos pois esse artigo.

"Desempregados e idosos tidos como mais vulneráveis nos 27. Dinamarca, Suécia e Chipre são os optimistas .

2009-10-28 EDUARDA FERREIRA

Ir viver debaixo da ponte é pesadelo para 16% dos desempregados europeus e 7% dos que têm trabalho temem que esse cenário se apresente às suas vidas. A pobreza está a crescer na Europa, sentem os seus cidadãos, segundo o Eurobarómetro.


A percepção de 84% dos europeus sinaliza um aumento da pobreza nos seus países desde há três anos. Este dado é subjectivo e foi recolhido por inquéritos do Eurobarómetro feitos nos 27.


Portugal surge em quinto lugar nessa sensação transmitida de que a pobreza aumentou e muito (88% dos inquiridos). Os países em que ainda é mais acentuada essa ideia são a Hungria, Bulgária, Roménia e Letónia. Neste estudo de opinião, as conclusões indicam que 73% dos europeus consideram que a pobreza aumentou nos seus países. As excepções situam-se na Dinamarca, Chipre e Suécia, onde as taxas rondam entre os 30 e os 37% de inquiridos que traçam um quadro social mais negativo.


Há um dedo apontado quando se trata de atribuir as culpas ao empobrecimento: o desemprego ou salários insuficientes repartem-se quase igualmente. Só depois surgem as pensões ou prestações sociais baixas ou então o preço da habitação. Neste último domínio, nove em cada dez europeus consideram que a pobreza impede o acesso a uma habitação decente.


A pobreza, de acordo com a opinião de oito em cada dez cidadãos da UE, também limita em muito o acesso ao Ensino Superior e mesmo à educação em idade adulta. Foram também pedidas opiniões aos 27 mil inquiridos quanto a causas individuais da pobreza. O baixo nível de escolaridade, a falta de formação, a transmissão do estatuto de pobreza entre gerações e a dependência do álcool ou das drogas foram as causas mais referidas.


Portugal partilha com outros países do Sul da Europa a ideia de que se é pobre quando há a perda do apoio e laços com a família e os amigos. Entre as pessoas mais vulneráveis à pobreza, uma maioria dos inquiridos referiu os desempregados e depois as pessoas idosas. Aos olhos de 89% dos europeus, os governos nacionais devem agir com a maior das urgências para alterar o empobrecimento das populações. E essa responsabilidade é cometida antes de tudo a cada governo dos 27, segundo 53% dos inquiridos.


A maioria não considera que a luta contra a pobreza caiba às instâncias da União Europeia, ainda que estas possam ter um papel muito ou relativamente importante.


Em vésperas do Ano Europeu Contra a Pobreza e Exclusão Social, marcado para 2010, estima-se que cerca de 80 milhões (16% da população da UE) vivam abaixo da linha de pobreza. Este nível corresponde à situação em que uma pessoa tenha rendimentos inferiores em 60% ao rendimento médio em cada país. Certo é que, há já uma década, os líderes europeus se comprometeram a empenhar todos os seus esforços para erradicar a pobreza. O horizonte era 2010."

(Fotografia de Flávio Henrique, ex-aluno da nossa Escola)

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